Postagem em destaque!

As Lágrimas de Lis.

Ela se sentia triste. Não era "mais uma crise" como sua mãe costumava dizer quando a via trancada em seu quarto escutando The Smit...

domingo, 22 de maio de 2016

Verônica

Verônica

Noite após noite, eu vivo juntando esquinas. Cruzando portas vermelhas sem endereço fixo. Me perguntando: Onde está você Verônica?

Entre garrafas de Vodca e maços de cigarro barato lembro nosso encontro.

Acordo na rua, estirado e pelado, sob um céu de um azul feio.

Volto pro carro e ligo o rádio numa estação de corno abandonado.

Quem sabe assim eu chore, sinta raiva e te esqueça.

No embalo do Tim me arrasto a mais de cem nas estradas da vida, mas nenhuma vai até você.

Mais uma noite, mais esquinas e ruas sem saída. Encontro um orelhão e ligo pra mãe, que promete fazer em três dias o que não consegui em três anos.

Não durmo, volto pro carro. Corro e nas curvas não desacelero.

Quase meia-noite, paro e me deparo com homens da lei em seus quase ternos da justiça, arrumando confusão com uma garota em praça pública.

Provavelmente uma prostituta.

Quem sabe ela sabe onde está Verônica.

Vou ajudar a moça, agora  sou advogado. Com respeito e sem medo peço pro guarda: “ Deixa a jovem voltar pro puteiro (galinheiro)”.

Eles abrem exceção e mandam ela pedir demissão, que ali é lugar de “família”.

Aqui é o centro, penso.

Olho bem pra ela e sinto que já experimentei desse cheiro.

Eu pergunto onde ela dorme e ela responde: “ No Cisne”.

O ninho vazio de Verônica.

Pergunto se ela conhecia uma dançarina com olhos azuis e cachos dourados.

Ela responde: “ Deve ser a Márcia, a Menina Nova”.

Nova? Desanimei, mas ainda tinha fé. A mãe pediu paciência, aliás ainda faltam dois dias.

Chego na casa. Passa modelo atrás de modelo. Mas não gosto de barbie.

Então começa o show, as cortinas se abrem e uma princesa sobe no palco ao som de aplausos.

Também bato palmas. Não sou mal educado.

Ela começa a dançar e eu sinto algo. Ela começa a cantar e o meu relógio para. Puxo uma nota de cem e balanço no ar.

Ela se aproxima e tenta pegar, eu puxo a mão para baixo e ela morde o lábio.

Então me olha nos olhos.

Um par de olhos azuis, olhos de Verônica.

Ela me reconhece e para a dança, fica estática. Dessa vez mantivemos o olhar por mais de quatro segundos.

Eu sussurro: “ Te encontrei Verônica.”

Ela responde: “Você está me confundindo com outra menina, Eu me chamo Márcia.”

Eu grito: “ Mentira!”.

Ela encerra o espetáculo e sai do palco, de casaco.

Me levanto e vou atrás dela. Já estamos na rua.

Volta e meia se vira para ver se a estou seguindo. Ela sempre se irrita.

Ela acelera o passo e atravessa a avenida sem carros. Eu resolvo pegar o meu na esquina e ir atrás.

Ela se assusta e para na calçada.

Eu paro o carro e desço dizendo: “ Você não vai fugir mais de mim”.

Ela parte pra cima; Chute, soco e tapa no rosto.

Diz para eu desistir dela, que nunca ia dar certo esse nosso rolo, mesmo com clima. Que eu não a conheço.

Eu ignoro e me aproximo. Ela se afasta e começa a gritar.

“ Você está me perseguindo ou você só gosta de prostituta mesmo?

Porra! Me deixa em paz!”

E tenta me dar outro tapa, mas dessa vez eu a seguro e à abraço.

Ela esperneia, se debate e grita. Mas logo fica em silêncio e me aperta.

Então vem o choro.

Sem nos separar olho ela no rosto e digo: “ Está chovendo no seu céu“.

Ela ri e diz “ Você é ridículo”. Então a levo pro carro e corro sem medo.

Chegamos em casa, vamos pro meu quarto e sem cerimônia ela tira o casaco e me empurra na cama.

Ela: “ Estou te devendo uma dança, não estou?”

Manda eu tirar a camisa social branca e a coloca.

Se mexendo como se estivesse no palco ela sobe na cama e monta em mim.

Me morde o pescoço, me beija o rosto e me arranha no peito.

Digo: “ Eu gosto desse jeito”. Ela diz: “ Silêncio”.

Então olha nos meus olhos e diz: “ Estou com medo”.

Eu respondo “ Eu também, mas preciso de você”.

Então ela me beija. E não para de me beijar.

Tira a parte de cima do biquíni e beijando meu pescoço vai se esfregando devagar.

Eu sinto o calor dos seus seios encostando no meu corpo.

Fico excitado e a pressiono contra mim. Mordo seu pescoço.

Ela dá um suspiro. Me arranha de novo.

Desce lambendo meu abdômen e desafivela meu cinto.

Abre minha calça e a tira com cueca e tudo.

Brinca um pouco, me levando a loucura.

Volta e meia me olha nos olhos pra ter certeza que estou vendo o que ela está

fazendo comigo. Não aguento mais de tanto tesão. Agora é minha vez.

Tiro ela de cima de mim e inverto os papéis.

Agora quem se diverte sou eu. Ela puxa meus cabelos. Geme e arranha minhas costas. Eu nem ligo mais.

Ela não aguenta mais e entra em Nirvana.

Me manda come-la com força e agora.

A puxo para a beirada da cama e começo.

Fazemos de tudo. Até dormimos juntos.

Meu primeiro sono tranquilo em anos.

Quando acordo, não encontro Verônica ao meu lado na cama.

De um salto procuro pela casa toda, em vão.

Me desespero. Pego a chave do carro, mas não encontro as chaves de casa.

Nessa hora a porta abre, e entra Verônica. Com um saco de pão no braço e no outro uma sacola de supermercado.

Ela me olha e diz “ Pensei em fazer algo especial pro café da manhã. Você tem um sono pesado sabia?”

Relaxo e penso: “ Está tudo certo. Agora está”.

Nenhum comentário:

Postar um comentário