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As Lágrimas de Lis.

Ela se sentia triste. Não era "mais uma crise" como sua mãe costumava dizer quando a via trancada em seu quarto escutando The Smit...

sábado, 9 de julho de 2016

As Lágrimas de Lis.

Ela se sentia triste. Não era "mais uma crise" como sua mãe costumava dizer quando a via trancada em seu quarto escutando The Smiths, Pearl Jam e Legião. Era uma sensação, ou melhor, um conjunto de sensações que ultrapassavam os limites de uma típica "fase adolescente". Ela se sentia abandonada.

Ali, deitada no seu quarto e virada para a parede, a menina dos cachos compridos e mechas roxas sentia uma dor perpassar e impregnar cada fibra do seu corpo. E cada soluço era como se o mundo desabasse dentro dela. O seu mundo; Os seus sonhos.

Mesmo chovendo não estava tão fria aquela madrugada de segunda, em meados de julho, mas Lis não conseguia parar de tremer. Aliás, ela não parava de chorar. Seus sentimentos misturavam-se com Black, que por sua vez, ecoava e se misturava com as paredes e sombras de seu quarto, iluminado apenas pela luz da rua que passava pelo vão entre as cortinas. Aquele cenário era uma pintura exata de como a garota estava por dentro; em diferentes tons de preto.

Já haviam se passado nove dias, mas tudo que ela vivenciou no final de semana anterior ainda estava bem vivo em sua memória, corpo e alma. Eram marcas que, de uma forma ou de outra, não sumirão com o tempo, muito menos com palavras de consolo ou abraços de pessoas que se importavam, ou não, com a garota. Algumas irão se tornar cicatrizes, outras em alguma coisa que só o tempo e noites como aquela poderão dar sentido.

Mas tudo aquilo não lhe causava tanta dor por causa dos momentos ruins. O que estava fazendo com que Lis vivesse aquele luto era o fato de que vivera os melhores momentos de sua vida em três dias, intensos do início ao fim, e que podiam ter sido muitos. Essa era a parte que mais a machucava: o "podiam".

As únicas coisas eternas que ela conhecia eram suas lágrimas e os motivos por trás delas.

(Continua)




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