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terça-feira, 2 de agosto de 2016

Contos de Airehte. Fragmento VIII. Fantasia

Entretanto, o arcano não teve tempo para recuperar o fôlego e muito menos se dar o luxo de prestar atenção na dor dos ossos quebrados. O velho surgiu da fumaça atrás dele, desferindo um golpe horizontal com a espada larga na altura do peito do mestiço, que escapou ileso da ofensiva do inimigo ao dar um pulo rápido para trás. Sem desperdiçar tempo, estendeu seu braço direito e com a palma da mão apontada para o soldado conjurou uma esfera de fogo, disparando-a com o comando mental "avance e queime".

O soldado que ainda estava de pé demonstrou que era mais do que um "simples guarda da cidade" como o espião tinha estipulado. Momentos antes da esfera de fogo o atingir ele a cortou ao meio com um golpe vertical de sua enorme espada. Porém, no espaço de tempo entre o disparo da arcana de fogo e o aparar do soldado, Marue' Nir encurtou a distância entre os dois e assim que o velho terminou seu movimento de defesa, ficando com a ponta da espada quase ao nível do chão, o arcano deu-lhe um soco no rosto, aproveitando a abertura. O soldado deu alguns passos para trás e, desequilibrado, tentou retribuir o golpe sofrido, mas sem sucesso. Pelo contrário, levou um segundo golpe do mestiço, dessa vez um chute, logo após seu soco ter sido facilmente evitado pelo jovem espião. Como resultado desse chute na boca do estômago o velho caiu de joelhos, evitando um terceiro golpe ao colocar as mãos no chão e conjurar uma parede terra entre ele e Marue.

O segundo chute do Arcano foi bloqueado pela arcana de terra do soldado que, por sua vez, aproveitando o momento, deu um soco que atravessou a proteção que erguera segundos antes, acertando o alvo desejado; o rosto do mestiço. Marue cambaleou alguns metros para trás mas logo se pôs de pé pois sabia que o velho não desperdiçaria a vantagem que estava tendo naquela luta. Assim que levantou o espião foi forçado a desviar de um pedregulho que foi arremessado contra ele, pelo velho, enquanto ainda estava rolando no chão. Logo após a evasiva olhou para cima e viu que mais três fragmentos do muro erguido pelo soldado estavam prestes a cair sobre ele. Apontou a palma da mão para os pedaços de pedra e disparou uma esfera de fogo contra cada um deles. A explosão resultou em mais poeira, que distraiu o arcano, dando tempo para que o soldado recuperasse a espada larga e partisse para o corpo-a-corpo novamente.

Assim que abriu os olhos o mestiço percebeu que o inimigo estava bem a sua frente, com a espada erguida sobre a cabeça e prestes a iniciar o movimento de queda fatal. Percebendo que não teria tempo para esquivar o arcano lançou mão de um dos artefatos mais poderosos que tinha. Rapidamente concentrou sua atenção no anel da mão direita e sussurrou:

- Tome a forma da minha vontade!

Em sua mão materializou-se uma espada feita puramente de chamas irriquietas e de aspecto selvagem. Assim que a lâmina de metal entrou em contato com a espada arcana seu corpo se partiu em dois. Ou melhor, a lâmina de fogo derreteu o metal da espada do velho sem nenhuma dificuldade. O soldado foi pego de surpresa e ficou completamente sem reação. Marue' Nir estava prestes a desferir o golpe final quando atrás dele a jovem mulher gritou:

- Não mate o meu avô!

E, por reflexo, o espião parou o golpe a meio caminho do alvo. Ele não tinha entendido, a princípio, o porquê de ter se contido, uma vez que seu plano inicial era realmente eliminar o mais velho dos dois soldados. Porém, passados alguns segundos de silêncio na clareira, ele percebeu, com certo alívio, que não tinha atravessado a fronteira entre ser um espião, matando para cumprir os objetivos e ser um assassino frio, matando por esporte. Tendo estabelecido um laço afetivo entre os prisioneiros permitia que ele obtivesse informações utilizando a vida de um como moeda de troca com o outro.Muito melhor que contar apenas com um prisioneiro que poderia muito bem aceitar a própria morte em algum momento. Quando se trata de um ente querido as coisas mudam. Sendo assim ele não precisaria matar o velho, evitando que o número de almas em sua conta aumentasse, pelo menos por alguns instantes.

- Permanecer vivo dependerá de como vocês irão se portar. Eu tenho perguntas e quero respostas. E não adianta mentir, eu saberei se o fizerem.

(Continua)

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