Sei que, enquanto se joga nos braços gélidos de outra alma carente em uma praia sombria e sem nome, você usa desesperadamente suas alucinações como escada de incêndio. Tentando fugir do fogo que você mesmo começou.
Mas é tarde demais. A luz da lua incidindo sobre seus corpos nus revela todas as cicatrizes e feridas de sua alma.
Ainda assim, a esperança respira, seu coração bate e você vive.
Por isso lhe digo, homem que me imita:
Não substitua a manhã e o por do sol pelo ranger das engrenagens de um relógio vagabundo.
Nem o brilho das estrelas pela ponta incandescente de um cigarro entre as pedras da solidão.
Pois vejo em seus olhos o mesmo desencanto que vi em olhos refletidos num espelho embaçado de motel anos atrás.
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