Em algumas noites simplesmente me vem a vontade de andar sozinho pelas ruas de onde moro.
Ouço o chamado do vento: o assobio que ele deixa ao passar pelas frestas dos prédios e dos pensamentos. Inconfundível à quem costuma passar as madrugadas de olhos abertos; Olhando para o teto de um cômodo vazio.
É vontade, desejo e necessidade; andar de madrugada pelas ruas da cidade.
Abro a porta do quarto; abro a porta da cozinha; abro a porta do elevador frio e bem iluminado; abro a porta da rua.
Eu abro a porta da cidade.
É tudo tão alto; é tudo tão quieto.
Eu quero andar sozinho, de madrugada, pelas ruas da cidade, mas a rua caminha comigo. Quando volto pra minha cama não estou mais sozinho: a noite se deita comigo.
Não há frio nem calor; sim ou não.
De madrugada existem apenas eu, a rua e o silêncio que nos une.
O silêncio que é palavra dita e não dita. O silêncio é o nosso diálogo; conversa entre eu e a rua.
E o tema é a vida. E também a morte. E tudo que estiver no antes, o agora e o depois.
De madrugada, eu abro a porta e saio pelas ruas de onde moro. Quero e penso que estou a andar sozinho, mas logo realizo que não estou só; a rua caminha comigo.
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