Em meio à melancolia ela tomou uma decisão. Lentamente, como se cada movimento fosse um novo confrontar com o fato de que aquilo tudo realmente aconteceu, Lis se virou para a cômoda ao lado da cama e esticando o braço alcançou as duas ferramentas necessárias para a tarefa que se propusera fazer.
Com caneta e seu diário na mão ela fechou os olhos, deixando-se levar novamente para os primeiros momentos daqueles três dias. Não escreveu mais nada desde a noite anterior ao desfecho daquele final de semana. Algumas lágrimas saltaram de seu rosto e marcaram as páginas em branco do caderno de capa aveludada e coloração também roxa, em tons mais escuros que os de suas mechas.
Tentou enxugar as lágrimas antes que elas pudessem danificar os relatos tão importantes para si, porém acabou rasgando a folha molhada. Assim que a retirou se deparou com a última página que escreveu.
Com delicadeza, como se estivesse manuseando uma taça de cristal que pudesse se quebrar com qualquer movimento mais brusco, Lis virou as páginas até chegar ao dia 11 de julho de 2014. Deu-se algum tempo e assim que se acalmou um pouco mais poi-se a ler, desde o início, tudo que viu, escutou e sentiu no chalé nas montanhas do Rio de Janeiro.
Começará uma viajem de volta ao tempo em que suas lágrimas do agora ainda não tinham razão de ser.
Pensamentos, Músicas, poesias e passagens que encontro ao longo das minhas muitas viagens pelas dimensões e universos da imaginação. E as do Coração.
Postagem em destaque!
As Lágrimas de Lis.
Ela se sentia triste. Não era "mais uma crise" como sua mãe costumava dizer quando a via trancada em seu quarto escutando The Smit...
sexta-feira, 19 de agosto de 2016
Door Without Number. Lyrics.
Go outside without fear of getting wet.
Let the rain be the deluge to wash it all away.
Look around no one is talking about what you did after midnight.
It's all inside your head. The pain from a wound you take for a scar.
Yet, if you choose to jump do it the way a good movie should end:
Quietly and with a good song as the final track.
Don't be a coward. There isn't space for eavesdropping.
The doors were made to be opened and then closed. Not the other way.
Life is made of choices and to choose is synonymous of taking risks.
There is no way to know what is beyond the unborn child of the past.
You can't cry if your tears are not ready to fall.
But you can scream about the craziness of the world,
All you want,
To someone you take for the father you never knew.
If you have enough money, that's it.
All right, you dropped the knife before the final round.
Some times it's good to leave the crowd disappointed.
No blood for than after all.
Don't be afraid of the Queen of Hearts cutting your head off.
Be afraid of dieing without knowing if you had her heart.
Play the game. Play it hard.
It doesn't matter which card you are; number, royalty, ace or the joker.
To be one or eleven is only up to you.
Let the rain be the deluge to wash it all away.
Look around no one is talking about what you did after midnight.
It's all inside your head. The pain from a wound you take for a scar.
Yet, if you choose to jump do it the way a good movie should end:
Quietly and with a good song as the final track.
Don't be a coward. There isn't space for eavesdropping.
The doors were made to be opened and then closed. Not the other way.
Life is made of choices and to choose is synonymous of taking risks.
There is no way to know what is beyond the unborn child of the past.
You can't cry if your tears are not ready to fall.
But you can scream about the craziness of the world,
All you want,
To someone you take for the father you never knew.
If you have enough money, that's it.
All right, you dropped the knife before the final round.
Some times it's good to leave the crowd disappointed.
No blood for than after all.
Don't be afraid of the Queen of Hearts cutting your head off.
Be afraid of dieing without knowing if you had her heart.
Play the game. Play it hard.
It doesn't matter which card you are; number, royalty, ace or the joker.
To be one or eleven is only up to you.
terça-feira, 2 de agosto de 2016
Contos de Airehte. Fragmento IX. Fantasia
Um breve momento de silêncio se
seguiu após as palavras de Marue'Nir. Neste intervalo, o arcano aproveitou para
dispersar a fumaça da clareira com mais um artefato, facilitando assim observar
as expressões faciais e reações dos interrogados. Concentrou um pouco de sua
própria energia no objeto arcano, apertou um botão no extensor de ar e o
arremessou em direção ao centro da clareira. Assim que o objeto tocou o chão um
barulho seco ecoou pela clareira e uma rajada de ar acertou as árvores ao redor
da área. O vento também atingiu os três que ali estavam, fazendo as roupas e os
cabelos de todos dançarem suavemente com a brisa, de forma semelhante às copas
das árvores. Com olhos atentos a todos os detalhes daquela cena, o espião notou
que no pescoço da soldado, outrora encoberto pelos longos cabelos castanhos da
mulher, existia uma tatuagem de um preto intenso, na forma de uma flecha para
cima e com um círculo de cada lado do corpo do projétil, sendo um totalmente
escuro e outro apenas a circunferência.
- O que uma sargento das flechas
negras está fazendo aqui em Hazifer, além das fronteiras da cidade púrpura,
vestida como uma soldado da guarda, numa missão de captura?
A mulher demorou um pouco para
responder a pergunta de seu captor. Marue a observou sentar-se com dificuldade,
constantemente apalpando a lateral direita do tronco. Mas sua expressão
denunciava que algo mais a perturbava além da dor e da ameaça que o espião
representava a suas vidas. Orgulho ferido talvez?
- Eu fui designada para acompanhar
o pelotão de soldados que partiu de Bras'Illumitene, garantir que o espião
fosse encontrado e capturado, se possível.
- Parece que o jogo virou
senhorita...? – Provocou o arcano, querendo confirmar suas suspeitas sobre o
ego sensível da Sargento
Gilda... Gilda de Chermont’Amell
- Mas você não faz parte das
forças da cidade, nem você. - Disse o arcano se voltando para o velho soldado
que em nenhum momento tirava os olhos do anel na mão direita do mestiço.
- Nós dois somos de Endogen'Ruri.
- Respondeu o soldado, agora encarando o olhar penetrante do arcano. E
continuou, sabendo que não adiantava esconder nada do jovem. Aqueles olhos não
eram de alguém que se podia enganar.
- Nossa missão era escoltar o
portador da carta oficial e assegurar que esta chegasse ao capitão da companhia
local.
- Missão que completaram. Mas até
aí não explica o fato de ambos estarem aqui agora. Por que não voltaram para a
cidadela da Biblioteca Suspensa?
- Quando a carta foi entregue ao
capitão fomos notificados que faríamos parte da missão descrita no documento.
- Eles não mandariam dois
guerreiros introduzidos nas artes apenas para garantir a prisão de um espião -
ponderou o mestiço, falando mais para si do que para os interrogados sentados a
sua frente, e continuou - A não ser que soubessem do que eu era capaz e quais
eram os meus objetivos.
- Mas eles sabiam exatamente do
que você era capaz. - Afirmou a mulher, dando um sorriso - E o mais curioso é
que dentre as ordens descritas na carta existia uma que nos impedia de
compartilhar as informações sobre você com os soldados.
Marue' Nir não gostou do que
ouviu. O fato de saberem do que ele era capaz o preocupava, pois não tinha
entrado em combate aberto em nenhum momento durante sua missão em território
imperial. Para terem tais informações eles teriam que ter algum agente dentre o
comando de inteligência da F.L.R. Entretanto, se isso fosse verdade, as forças
inimigas já teriam criado oportunidades bem mais claras de eliminar um agente
tão perigoso quanto ele. Não esperariam que o espião saísse do território para
ataca-lo no meio da floresta das trevas, a poucos quilômetros de uma cidade
inimiga. Só restava uma opção.
- Essas ordens têm relação com o
Oráculo de Mármore?
- Isso tem tudo haver com o
oráculo. - respondeu o velho, deixando escapar uma risada fraca.
- Como assim? - Perguntou
Marue'Nir.
- Ninguém sabe exato quando
começou, na Batalha dos Arcos de Pedra ou se foi no Cerco ao Palácio de
Mármore, mas o fato é que desde a conquista das terras sob a montanha de Kazel
Gogui as missões mais importantes recebem um selo a mais de acordo com a
dificuldade: o Selo do Oráculo; Uma carta com uma vela acesa no centro.
- Eu sei que as cartas de missões
do Império recebem selos de militares de diferentes patentes de acordo com a
dificuldade e importância das-
- Você vai ficar me interrompendo
ou vai me deixar terminar? - Disse a sargento encarando o espião com a mesma
intensidade com que ele a olhava.
"Gostei da atitude dela, é
uma pena que estejamos em lados opostos" pensou o mestiço, sem deixar
transparecer em sua feição a admiração pelo espírito da garota.
- Então termine.
- A "sua carta" tinha o
selo de três das figuras mais importantes do Império: O oráculo, o marechal e a
rainha.
(Continua)
Contos de Airehte. Fragmento VIII. Fantasia
Entretanto, o arcano não teve tempo para recuperar o fôlego e muito menos se dar o luxo de prestar atenção na dor dos ossos quebrados. O velho surgiu da fumaça atrás dele, desferindo um golpe horizontal com a espada larga na altura do peito do mestiço, que escapou ileso da ofensiva do inimigo ao dar um pulo rápido para trás. Sem desperdiçar tempo, estendeu seu braço direito e com a palma da mão apontada para o soldado conjurou uma esfera de fogo, disparando-a com o comando mental "avance e queime".
O soldado que ainda estava de pé demonstrou que era mais do que um "simples guarda da cidade" como o espião tinha estipulado. Momentos antes da esfera de fogo o atingir ele a cortou ao meio com um golpe vertical de sua enorme espada. Porém, no espaço de tempo entre o disparo da arcana de fogo e o aparar do soldado, Marue' Nir encurtou a distância entre os dois e assim que o velho terminou seu movimento de defesa, ficando com a ponta da espada quase ao nível do chão, o arcano deu-lhe um soco no rosto, aproveitando a abertura. O soldado deu alguns passos para trás e, desequilibrado, tentou retribuir o golpe sofrido, mas sem sucesso. Pelo contrário, levou um segundo golpe do mestiço, dessa vez um chute, logo após seu soco ter sido facilmente evitado pelo jovem espião. Como resultado desse chute na boca do estômago o velho caiu de joelhos, evitando um terceiro golpe ao colocar as mãos no chão e conjurar uma parede terra entre ele e Marue.
O segundo chute do Arcano foi bloqueado pela arcana de terra do soldado que, por sua vez, aproveitando o momento, deu um soco que atravessou a proteção que erguera segundos antes, acertando o alvo desejado; o rosto do mestiço. Marue cambaleou alguns metros para trás mas logo se pôs de pé pois sabia que o velho não desperdiçaria a vantagem que estava tendo naquela luta. Assim que levantou o espião foi forçado a desviar de um pedregulho que foi arremessado contra ele, pelo velho, enquanto ainda estava rolando no chão. Logo após a evasiva olhou para cima e viu que mais três fragmentos do muro erguido pelo soldado estavam prestes a cair sobre ele. Apontou a palma da mão para os pedaços de pedra e disparou uma esfera de fogo contra cada um deles. A explosão resultou em mais poeira, que distraiu o arcano, dando tempo para que o soldado recuperasse a espada larga e partisse para o corpo-a-corpo novamente.
Assim que abriu os olhos o mestiço percebeu que o inimigo estava bem a sua frente, com a espada erguida sobre a cabeça e prestes a iniciar o movimento de queda fatal. Percebendo que não teria tempo para esquivar o arcano lançou mão de um dos artefatos mais poderosos que tinha. Rapidamente concentrou sua atenção no anel da mão direita e sussurrou:
- Tome a forma da minha vontade!
Em sua mão materializou-se uma espada feita puramente de chamas irriquietas e de aspecto selvagem. Assim que a lâmina de metal entrou em contato com a espada arcana seu corpo se partiu em dois. Ou melhor, a lâmina de fogo derreteu o metal da espada do velho sem nenhuma dificuldade. O soldado foi pego de surpresa e ficou completamente sem reação. Marue' Nir estava prestes a desferir o golpe final quando atrás dele a jovem mulher gritou:
- Não mate o meu avô!
E, por reflexo, o espião parou o golpe a meio caminho do alvo. Ele não tinha entendido, a princípio, o porquê de ter se contido, uma vez que seu plano inicial era realmente eliminar o mais velho dos dois soldados. Porém, passados alguns segundos de silêncio na clareira, ele percebeu, com certo alívio, que não tinha atravessado a fronteira entre ser um espião, matando para cumprir os objetivos e ser um assassino frio, matando por esporte. Tendo estabelecido um laço afetivo entre os prisioneiros permitia que ele obtivesse informações utilizando a vida de um como moeda de troca com o outro.Muito melhor que contar apenas com um prisioneiro que poderia muito bem aceitar a própria morte em algum momento. Quando se trata de um ente querido as coisas mudam. Sendo assim ele não precisaria matar o velho, evitando que o número de almas em sua conta aumentasse, pelo menos por alguns instantes.
- Permanecer vivo dependerá de como vocês irão se portar. Eu tenho perguntas e quero respostas. E não adianta mentir, eu saberei se o fizerem.
(Continua)
O soldado que ainda estava de pé demonstrou que era mais do que um "simples guarda da cidade" como o espião tinha estipulado. Momentos antes da esfera de fogo o atingir ele a cortou ao meio com um golpe vertical de sua enorme espada. Porém, no espaço de tempo entre o disparo da arcana de fogo e o aparar do soldado, Marue' Nir encurtou a distância entre os dois e assim que o velho terminou seu movimento de defesa, ficando com a ponta da espada quase ao nível do chão, o arcano deu-lhe um soco no rosto, aproveitando a abertura. O soldado deu alguns passos para trás e, desequilibrado, tentou retribuir o golpe sofrido, mas sem sucesso. Pelo contrário, levou um segundo golpe do mestiço, dessa vez um chute, logo após seu soco ter sido facilmente evitado pelo jovem espião. Como resultado desse chute na boca do estômago o velho caiu de joelhos, evitando um terceiro golpe ao colocar as mãos no chão e conjurar uma parede terra entre ele e Marue.
O segundo chute do Arcano foi bloqueado pela arcana de terra do soldado que, por sua vez, aproveitando o momento, deu um soco que atravessou a proteção que erguera segundos antes, acertando o alvo desejado; o rosto do mestiço. Marue cambaleou alguns metros para trás mas logo se pôs de pé pois sabia que o velho não desperdiçaria a vantagem que estava tendo naquela luta. Assim que levantou o espião foi forçado a desviar de um pedregulho que foi arremessado contra ele, pelo velho, enquanto ainda estava rolando no chão. Logo após a evasiva olhou para cima e viu que mais três fragmentos do muro erguido pelo soldado estavam prestes a cair sobre ele. Apontou a palma da mão para os pedaços de pedra e disparou uma esfera de fogo contra cada um deles. A explosão resultou em mais poeira, que distraiu o arcano, dando tempo para que o soldado recuperasse a espada larga e partisse para o corpo-a-corpo novamente.
Assim que abriu os olhos o mestiço percebeu que o inimigo estava bem a sua frente, com a espada erguida sobre a cabeça e prestes a iniciar o movimento de queda fatal. Percebendo que não teria tempo para esquivar o arcano lançou mão de um dos artefatos mais poderosos que tinha. Rapidamente concentrou sua atenção no anel da mão direita e sussurrou:
- Tome a forma da minha vontade!
Em sua mão materializou-se uma espada feita puramente de chamas irriquietas e de aspecto selvagem. Assim que a lâmina de metal entrou em contato com a espada arcana seu corpo se partiu em dois. Ou melhor, a lâmina de fogo derreteu o metal da espada do velho sem nenhuma dificuldade. O soldado foi pego de surpresa e ficou completamente sem reação. Marue' Nir estava prestes a desferir o golpe final quando atrás dele a jovem mulher gritou:
- Não mate o meu avô!
E, por reflexo, o espião parou o golpe a meio caminho do alvo. Ele não tinha entendido, a princípio, o porquê de ter se contido, uma vez que seu plano inicial era realmente eliminar o mais velho dos dois soldados. Porém, passados alguns segundos de silêncio na clareira, ele percebeu, com certo alívio, que não tinha atravessado a fronteira entre ser um espião, matando para cumprir os objetivos e ser um assassino frio, matando por esporte. Tendo estabelecido um laço afetivo entre os prisioneiros permitia que ele obtivesse informações utilizando a vida de um como moeda de troca com o outro.Muito melhor que contar apenas com um prisioneiro que poderia muito bem aceitar a própria morte em algum momento. Quando se trata de um ente querido as coisas mudam. Sendo assim ele não precisaria matar o velho, evitando que o número de almas em sua conta aumentasse, pelo menos por alguns instantes.
- Permanecer vivo dependerá de como vocês irão se portar. Eu tenho perguntas e quero respostas. E não adianta mentir, eu saberei se o fizerem.
(Continua)
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