Força do hábito.
Todo dia a mesma coisa; gestos, palavras e olhares repetidos.
As mesmas pessoas na mesma rua. O mesmo concreto. O mesmo cimento.
Cabeças abaixadas seguindo o rastro dos sonhos deixados por alguém. Alguém que deixou saudades.
Faço o que sempre faço. Mesmas ordens, a mesma vontade.
Volto como se nem tivesse ido. A cabeça abaixada.
Quebro a rotina. Não ligo a TV. Me dou uma folga, vou dormir.
Um dia com ar de amanhã começou. Novo talvez.
Então mudo o caminho; outras pessoas, outras ruas. Algumas árvores.
Alguns olhares tímidos. Outros nem tanto.
Poucas palavras. Muitos pensamentos. Nenhum sonho.
Faço o que sempre faço. Mesmas ordens, um pouco mais de vontade.
Levanto a cabeça no caminho de volta.
Chego em casa, dou boa noite com um sorriso.
Você está assistindo televisão.
Faço um convite, quero jantar fora. Você fingi que não escutou.
Desligo a TV, mas você nem sequer muda de posição. Permaneço em pé ao seu lado e você sussurra que esse não é o protocolo.
Depois de alguns segundos me toco e peço desculpas. Vou para o quarto e me deito, sem conseguir dormir.
Depois de um tempo você chega, me olha nos olhos e termina sua noite com um "Eu te amo" automático.
Me pergunto em silêncio desde quando viver virou um hábito.
Nenhum comentário:
Postar um comentário